Auto-estima: De patinho feio à cisne

Message to my international little swans: This post in Portuguese only. I apologize, babies! But don't worry, posts with English translation will still happen! 



Todo mundo conhece o conto do patinho feio: o pequeno pato rejeitado por sua aparência estranha que vem a se tornar um cisne belíssimo. Este um dos contos de fada que não é de princesas que mais gosto, porque consigo me ver nas situações que o patinho vive. Hoje eu recebo elogios ao meu estilo e aparência quase diariamente, mas nem sempre foi assim. Foi um longo caminho até eu realmente me tornar um cisne e representar de verdade o Swan do meu nome. Mas vamos aos fatos: o patinho nunca foi feio, ele era diferente das outras aves. Ele tenta ser igual à elas e falha miseravelmente. Acredito que todas as pessoas que não atendem à algum padrão estabelecido pela mídia e sociedade, seja quando falamos de peso, orientação sexual, raça, cabelo ou roupas, sofreu preconceito, rejeição e ofensa em determinado momento, ou o tempo todo. Vou lhes contar um segredinho: assim como o pato nunca foi realmente um pato, você nunca foi feio/aberração/anormal/etc.

Dezembro de 2010, 12 anos

Antes de existir Amyh, existiu Amanda (é, esse é meu nome de verdade, sejam bem-vindos à dura realidade haha). Fui infeliz com minha aparência ainda criança; eu tinha várias colegas altas e queria ser como elas, por mais assustador que fosse uma menina de seis anos com quase 1,60 de altura. Depois entrei precocemente na puberdade e desenvolvi seios muito antes do tempo considerado ideal e era estranho uma menina de nove pra dez anos que já precisava usar sutiã. O tempo passou, e por eu ter desenvolvido seios muito cedo, eles não cresceram muito ao longo da adolescência e uso P. Eu sei que ter seios grandes não é nenhuma maravilha e que eles incomodam e causam dor na coluna, mas a mídia trata seios pequenos como sinônimo de infantilidade e é dificílimo achar um sutiã que não fique grande, ou uma roupa (muitas vezes, preciso de um sutiã maior do que realmente me serve para não sobrar tanto espaço em alguma blusa ou vestido). Daí aos 11 anos comecei a usar óculos e pensei: "Pronto, não há mais chance alguma de ser um mulherão". Não só isso, apesar de ter uma estatura mediana, tenho um corpo pequeno e muito magro, mãos e rosto muito pequenos e tudo fica largo, e por isto todo mundo acha que sou bem mais nova, contrastando com meu nariz que é um pouco grande. Resumindo, eu nunca poderia ser como as VS Angels, que são referência em beleza.
Sofri com depressão e me odiei por muitos anos. Eu queria ser como aquela amiga que está sempre sendo chamada pra ser modelo, como aquela fulana do filme, como a modelo da revista. Durante meu pior tempo sofrendo com depressão, eu não queria saber de cuidar de mim mesma, além de odiar o que eu via no espelho, eu não tinha a menor disposição para isto, pegava num pincel de maquiagem só quando eu precisava sair para trabalhar em alguma festa (sendo filha de profissionais de eventos, acabei concordando em fazer bicos). Some tudo o que eu falei ao fato de ter que ouvir algumas zombarias por parte de colegas, tanto pelo meu físico quanto meu estilo, de roupas e de vida. Fui frustrada por muito tempo por não conseguir sustentar estilos de moda japoneses que eu admirava, como o gyaru e principalmente o lolita.

Descobrindo o delineador em 2009, 11 anos

Depois de fazer tratamento, eu estava disposta a encontrar a felicidade e a minha própria beleza. Foi aí que eu decidi de vez que queria ser pin up e vintagista. Eu consigo me identificar com o corpo de Audrey Hepburn (aniversário dessa linda hoje!), com o estilo de Dita Von Teese e Jayne Mansfield, e não iria me custar uma fortuna como estilos japoneses. Dita me inspirou e me ajudou a cuidar da minha pele e descobrir o poder da maquiagem para criar, não um artifício, mas a mulher que eu desejo ser dentro do meu próprio ideal de beleza e descobrir meus traços. Olho para os visuais dos anos 40 e penso "eu consigo fazer isso!", ao contrário do contorno Kardashian. Passei alguns meses tratando minha pele para me livrar do bronzeado horrível e descuidado. Eu já usava o nome Amyh Swan, mas só ali eu passei a me sentir Amyh Swan. Minha maquiagem, minha roupa e meu estilo de vida são o que eu sou, são o que me fazem feliz e são o que me fazem com que eu me sinta confiante e bonita, atraindo elogios (você pode usar a roupa que for, mas se não estiver vestindo conforto e confiança, é o mesmo que nada!). No pin up e vintage, encontrei minha família com quem compartilho ideias e amigos maravilhosos, além de ter saído do armário e me assumido bissexual.

Aderindo ao batom vermelho em 2014, 16 anos

Hoje em dia, acordo, tomo meu café e vou ir me maquiar, aplicando protetor solar antes de qualquer coisa e em seguida fazendo o olho esfumado, delineador gatinho e traçando os lábios com batom vermelho e formando um cupid's bow (que, a propósito, é natural dos meus lábios). Meu cabelo, agora cortado em Middy, será preso por alguma bandana ou victory roll. Por debaixo da saia, uma lingerie que considero maravilhosa. Nos pés, um salto baixo, mas charmoso. Para finalizar, meu perfume favorito. E ah, tenho muito orgulho dos meus óculos, acho que eles são um charme à mais e não pretendo usar lentes para tudo ou fazer cirurgia. Todo o processo de fazer uma maquiagem é o que me faz feliz e vitoriosa. É o que me faz sentir um cisne. Sim, tem certas coisas que eu ainda tenho vontade de mudar em mim, mas não porque me odeio.
Todo mundo merece achar sua zona de conforto e sua família, assim como quando o pato cresceu e descobriu que nunca pertenceu à família de patos. Meu prazer é criar meu visual e o desfilar por aí -  para algumas pessoas, isso pode ser desconfortável e está tudo bem! Se aceite como você é, tenha confiança e as portas (da alegria e das oportunidades) vão se abrir como mágica. Não se preocupe em ser como os outros e agradar o desconhecido, se preocupe em ser VOCÊ e com a SUA aprovação! E isso é tudo, pessoal!


Comments

  1. Ameeiii esse texto! Boa parte das pessoas que eu conheço infelizmente se sentiram deslocadas em algum momento de suas vidas por conta do físico e de hobbys que são considerados diferentes.

    Eu do graças a Deus por nunca ter me sentindo mal por comentários alheios e fico bem triste em saber que muitas pessoas não conseguem ser o que elas querem ser exatamente por conta de rótulos e ''brincadeirinhas'' idiotas.

    É lindo ver como o estilo vintage chega na vida das pessoas e faz uma transformação positiva.Eu adotei lifestyle aos 17 anos e desde então tem sido ótimo porque eu finalmente encontrei um lugarzinho onde me sinto eu mesma e me sinto bem por isso!

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  2. Belo texto! Apesar de você não ter se encontrado no j-fashion, ainda quero te vestir de lolita sbhuaihsdisuhd :v
    Espero que os deuses vintage iluminem seu guarda-roupa e vc possa se vestir sempre como essa deusa que vc é ;D
    Eu tb tive a fase do patinho feio - mas demorou MUITO mais pra me descobrir. Talvez os anos de bullying tenha colaborado com isso.
    Beijos de glitter da sua fada kawaii :3
    Sussurro do Ar

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  3. Adorei! <3

    Amei a comparação que você fez com o patinho feio e as Kardashians, rs. Me identifiquei porque também não me vejo uma Kim ou Gisele da vida, mas me enxergo no estilo vintage e retrô.

    Ps.: você sempre foi linda!

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  4. Eu amei esse texto e me identifiquei muito com ele <3 O processo de recobrar a própria autoestima é, muitas vezes, longo e difícil, mas sempre vale a pena. Se encontrar dentro de um estilo e/ou aceitar que somos diferentes da maioria (em qualquer coisa!) é fantástico. Eu sofri bullying na escola na infância e foi bem difícil me amar com a chegada da adolescência. Mas hoje também sinto que me encontrei e que, no fim das contas, o que passou serviu para nos tornarmos mais confiantes.
    Beijo, Bruna S. ♥
    Chanel Fake Blog

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  5. You look very pretty in all of these photos! I love the look of your winged eyeliner.pretty red lipstick, beautiful hair, and the lovely black dress you were wearing in the last photo.

    http://www.full-brief-panties.blogspot.com/2017/10/lingerie-review-of-full-brief-panties.html

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