Resenha: Lendas do Universo DC - O Coringa (Irv Novick)


Olá little swans, é com muita alegria que a primeira resenha do ano é de quadrinhos! No final de 2017, a Panini anunciou o encadernado da minissérie bimestral "O Coringa", originalmente lançada em nove edições e do ano de 1975 a 76, uma HQ que eu já tinha lido algumas partes mas nunca tinha encontrado completo. Imagino que vocês já saibam que sou MUITO fã do personagem (e quando falo que sou fã do personagem, não é por causa de filmes ou qualquer versão multi-midiática mainstream. Eu já li de um tudo com ele protagonizando a história e sou fã desse Joker, o dos quadrinhos). A foto acima denuncia bastante, creio eu. E quem conhece melhor que ninguém toda a minha obsessão pelo Joker? Meu namorado, obviamente, que foi quem me presenteou o encadernado, no natal.

A HISTÓRIA:


São nove histórias até que curtas, das quais não aconselhos aos fãs do Joker "Nutella" (vulgo versões meio góticas, mais sérias, sem brinquedos de joke shop letais e trajando roupas maltrapilhas como o Heath Ledger). São histórias em que o Joker é mais comicamente absurdo do que absurdamente violento e grotesco, similar ao que foi apresentado pelo Cesar Romero na série de TV de 1966, e é essa uma das coisas que mais me chama a atenção no personagem: ele utiliza objetos aparentemente inofensivos e ás vezes associado ao humor e à infância, como brinquedos e balões, para causar confusão, sendo um dos fatores além do visual que o tornam um palhaço. O contraste do inofensivamente cômico com o errado, ilegal e imoral, o fazendo ser um espelho reverso do Batman, foi o que tornou o Joker meu vilão favorito de todos os tempos - além de, claro, toda sua estética retrô de comediantes de paletó e gravata dos anos 40, com cores berrantes e uma elegância estranha e inconvencional (se não sabe como se fazia comédia na metade do século anterior, dê uma olhada aqui).

Pois bem, aqui não temos nada como "Morte da Família", "Coringa" de 2008 ou chocantemente terrível no nível de "A Piada Mortal" e "Morte na Família" (sim, é uma história diferente da primeira mencionada). É o personagem em sua pura e original essência. Você sabe que ele faz coisas malvadas, mas não tem como não achar engraçado a forma com que ele se move, executa seus crimes e a pintura na lataria de seus carros, além das piadas e trocadilhos ruins. Eu sinto saudade dessa descontração nas histórias do Joker e o envolvendo. Recentemente, focam muito mais na violência, sangue e tripas. Acredito que a coisa mais recente que se assemelha à essa minissérie seja outra minissérie, a "Última Piada do Coringa" de 2008 escrita por um dos meus roteiristas favoritos, o Chuck Dixon. Mas aí é outra história.

As nove histórias têm a presença de algum outro personagem, do universo do Batman ou não. Pessoalmente falando, os mais ilustres foram o Duas-Caras (que é um grande rival para o Joker, não mais que o Batman, mas os dois se odeiam bastante), Arqueiro Verde, Sherlock Holmes (!!!), Lex Luthor e a Mulher-Gato. O texto e falas são simples e típicos da época, com trocadilhos aqui e ali. Não é necessário ler nada antes, embora um conhecimento mínimo do universo DC seja necessário para reconhecer as participações especiais. Imagino que não vá agradar quem não está acostumado com HQs mais antigas, pois a narrativa é um tanto diferente das que estamos mais acostumados, muito mais cômica e propositalmente descontraído. Se essa proposta é do seu gosto e lhe agrada um Joker menos sanguinário, com certeza vai curtir. 

O ENCADERNADO:



Eu ainda não conhecia pessoalmente os encadernados da coleção "Lendas do Universo DC", então tive um pequeno susto ao descobrir que são de capa catornada (ou seja, capa mole). Eu esperava que fosse de capa dura, parecido com a minha edição de "A Piada Mortal" (por isso a foto comparando os dois). Não gostei mesmo da capa ser desse material, é bem sensível e não irá passar muito tempo sem danificações (na verdade já ganhou alguns riscos). No entanto, adoro as páginas em papel offset fosco, que permitem as cores serem mais vibrantes o possível, dando todo um aspecto "retrô". Além disso, por ser fosco, a luz não reflete no papel, um ponto muito positivo que não acontece na edição de "Piada Mortal". Também gostei bastante da lombada.


No começo de cada história/edição da compliação, a capa original em inglês é um bônus delicioso. Duas páginas no final resumem a biografia do desenhista Irv Novick e roteirista Denny O'Neil, sendo a última página inteiramente preta com o símbolo clássico de morcego do Batman - bonitinho, mas eu preferia que fosse o símbolo da carta coringa no lugar! 
No geral, gostei bastante desse encadernado e fiquei surpresa e feliz com o lançamento, pois não foi lançado nesse formato nem lá na gringa. Só achei a capa muito frágil e eu com certeza compraria se relançassem em uma edição deluxe de capa dura. E R$25,90 por 180 páginas é um preço bom e justo, acho toda a coleção bem acessível.


A ARTE:


Acho importante ressaltar a arte do Irv Novick e o consagrado José Luis Garcia-Lopéz (para quem não sabe, as ilustrações clássicas que vemos em camisetas, copos, cadernetas e outros produtos licensiados normalmente são dele), finalizadas por Dick Giordano, Ernie Chen, Vince Coletta, Tex Blasdell e Frank McLaughin. Há uma certa diferença no rosto que os dois artistas fazem, mas ambos conseguem desenhar perfeitamente algo que ficou esquecido nos dias atuais: a enorme altura do Joker combinado à magreza. Enquanto o Batman é grande, escultural e musculoso, o Joker tem pernas de cabo de vassoura, se posso assim dizer!  Apesar da comparação soar esdrúxula, o Joker tem um corpo similar ao de uma modelo de passarela. É canon que ele tem mais de 1,90 de altura, e a maioria dos desenhistas parecem ou não saber ou não conseguir desenhar isso. Novick e Garcia-Lopéz, em compensação, conseguem muito bem mostrar o quanto ele é magro e alto. Não só isso, uma coisa que admirei muito no traço do Novick foi o Harvey Dent. Acho que é o mais bonito que já vi - só pela metade, claro, mas consegue executar maravilhosamente bem a ideia do "meio galã, meio monstro". Só tenho coisas boas pra falar dos dois desenhistas, porém não curti muito a finalização em certas histórias, como em "Um duelo aterrador contra o Espantalho" (feita por Tex Blasdell).


NOTA FINAL:
4.5/5

A HQ em si é divertida, com ótima arte e é um tesouro do universo DC, mas o encadernado deixa a desejar na qualidade da capa. Infelizmente todos os encadernados lançados pela Panini atualmente são do mesmo material, provavelmente para cortar gastos e baratear tanto a produção quanto o valor do produto.

E isso é tudo pessoal! Espero que tenham curtido! Leriam a HQ? Qual versão do palhaço do crime é a sua favorita e por quê?
Beijinhos! 

Comments

  1. Que legal que tem esse encadernado só do Joker classudo. Quem me dera que tivesse da Ivy, com as primeiras HQs dela ç-ç
    Dependendo do preço, não ligaria da capa ser de um material como esse.
    Beijos de glitter!

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    1. Difícil ter da Ivy, porque ela nessa época não chegou a ter HQ solo. Ela foi ganhar popularidade e amor entre os fãs só recentemente. Inclusive teve alguma coisa solo dela poucos anos atrás, acho que ano passado ou final de 2016.

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  2. Muito increível, sempre dou uma olhada no seu stores e fiquei boca com a ilustração.
    Beijos
    http://cherrycriis.blogspot.com.br/

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    1. Yay, fico feliz que você está esempre dando uma olhada no meu story <3 lindo mesmo a ilustração né?

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  3. Por favor, inclua fotos do Gibi Da abril cultural; do gibi, Super Homem versus Bizarro, e veja se o Coringa não é o Jimmy Olsen; (risos) e o número Super homem 127; com o título super homem como você nunca viu; aí encontraremos mais uma dialética hegeliana; risos

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  4. Vc verão as semelhanças do Coringa e Clark Kent. Ou com o próprio Jimmy Olsen e até Jimmy Gordon.etc.

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